A Desconsideração da Personalidade Jurídica é um instituto jurídico que permite que o Juiz ignore a personalidade jurídica de uma empresa ou entidade para alcançar os bens de seus sócios ou administradores. É importante notar que a desconsideração da Personalidade Jurídica é uma medida excepcional e deve ser aplicada com cautela.
A Teoria da Desconsideração da Personalidade Jurídica no processo do trabalho é uma ferramenta importante para garantir a justiça e a igualdade entre as partes, e para proteger os direitos trabalhistas dos empregados.
A Desconsideração da Personalidade Jurídica é um mecanismo jurídico que permite que os bens dos sócios ou administradores de uma empresa sejam usados para pagar dívidas da empresa em determinadas situações. Esse instituto busca evitar fraudes, abusos ou o uso indevido da separação patrimonial entre a empresa e seus sócios.
Essa teoria foi desenvolvida a partir da ideia de que a personalidade jurídica da empresa não pode ser utilizada para proteger os sócios ou administradores de suas responsabilidades trabalhistas.
A Teoria da Desconsideração da Personalidade Jurídica no processo do trabalho se baseia nos seguintes princípios:
Princípio da realidade: A personalidade jurídica da empresa não pode ser utilizada para ocultar a realidade dos fatos.
Princípio da justiça: A desconsideração da personalidade jurídica é necessária para garantir a justiça e a igualdade entre as partes.
Princípio da proteção dos direitos trabalhistas: A desconsideração da personalidade jurídica é necessária para proteger os direitos trabalhistas dos empregados.
Fundamentos jurídicos
No Brasil, a desconsideração da personalidade jurídica está prevista em diversos diplomas legais, como:
Código civil (Art. 50): Aplicada quando há abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou confusão patrimonial.
Código de defesa do consumidor (Art. 28): O artigo 28 do Código de Processo Civil estabelece que o juiz pode desconsiderar a personalidade jurídica da empresa quando houver abuso de direito ou fraude. Mais flexível, permitindo a desconsideração sempre que houver prejuízo ao consumidor.
Código de processo civil (Arts. 133 a 137): Regula o procedimento da desconsideração, garantindo o direito de defesa aos sócios ou administradores.
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT, Súmula 331 do TST): Aplicada quando há grupo econômico ou fraude trabalhista.
Artigo 4º da Lei nº 6.830/80: O artigo 4º da Lei nº 6.830/80 estabelece que a Fazenda Pública pode desconsiderar a personalidade jurídica da empresa quando houver fraude ou abuso de direito.
A jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e do Supremo Tribunal Federal (STF) também reconhece a possibilidade de desconsideração da personalidade jurídica no processo do trabalho.
Quando é aplicada a desconsideração da personalidade jurídica?
A desconsideração da personalidade jurídica é aplicada nos seguintes casos:
- Abuso de direito: Quando a empresa ou entidade é utilizada para fins ilícitos ou para evitar responsabilidade. Deve ser demonstrado que o credor foi prejudicado pela conduta abusiva da empresa ou de seus sócios ou administradores. Deve ser demonstrada a necessidade de proteção do credor e a impossibilidade de satisfação do crédito pela empresa
- Confusão patrimonial: Quando não há uma separação clara entre o patrimônio da empresa e o patrimônio dos sócios ou administradores., como uso de contas bancárias pessoais para pagar despesas da empresa.
- Desvio de finalidade: Quando a empresa ou entidade é utilizada para fins diferentes daqueles para os quais foi constituída. A empresa é usada para fins ilícitos, como fraudar credores.
4.Fraude contra credores: Sócios retiram bens da empresa para evitar pagamentos.
- Grupo econômico sem responsabilidade formal: Empresas do mesmo grupo são usadas para evitar obrigações trabalhistas ou fiscais.
Tipos de desconsideração
Teoria Maior: Exige comprovação de fraude, abuso de direito ou confusão patrimonial (usada no Direito Civil).
Teoria Menor: Mais flexível, aplicável quando a pessoa jurídica não tem recursos para pagar suas obrigações, independentemente de fraude (usada no Direito do Consumidor e Trabalhista).
Inversa: Quando a pessoa física transfere bens para a empresa para evitar execuções contra si.
Procedimento
Desde o Novo Código de Processo Civil (CPC/2015), a desconsideração da personalidade jurídica segue um procedimento específico:
Requerimento do credor: Pode ser feito na fase de conhecimento, cumprimento de sentença ou execução.
Citação dos sócios ou administradores: Eles terão prazo para apresentar defesa.
Decisão judicial: O juiz pode deferir ou não a desconsideração.
Execução contra os bens dos sócios: Caso deferida, os bens particulares dos sócios podem ser penhorados para quitar a dívida
Principais efeitos processuais
Os principais efeitos processuais da desconsideração da personalidade jurídica são:
- Responsabilidade solidária: Os sócios ou administradores da empresa podem ser responsabilizados solidariamente pelos débitos da empresa.
- Penhorabilidade dos bens: Os bens dos sócios ou administradores podem ser penhorados para pagar os débitos da empresa.
- Extensão da execução: A execução da sentença pode ser estendida aos bens dos sócios ou administradores.
- Perda da personalidade jurídica: A empresa pode perder sua personalidade jurídica e ser dissolvida.
Requisitos para a desconsideração da personalidade jurídica
Para que a desconsideração da personalidade jurídica seja aplicada, é necessário que sejam demonstrados os seguintes requisitos:
Consequências para os sócios ou administradores
- Responsabilidade solidária: Os sócios ou administradores podem ser responsabilizados solidariamente pelos débitos trabalhistas da empresa.
- Penhorabilidade dos bens: Os bens dos sócios ou administradores podem ser penhorados para pagar os débitos trabalhistas da empresa.
- Perda da limitação de responsabilidade: A desconsideração da personalidade jurídica pode levar à perda da limitação de responsabilidade dos sócios ou administradores.
Os sócios passam a responder com seus bens pessoais pelas dívidas da empresa.
A execução pode atingir contas bancárias, imóveis e outros bens particulares dos sócios.
Caso a empresa tenha sido usada para fraudar credores, os sócios podem responder por crimes, como estelionato e fraude à execução.
Consequências para a empresa
- Perda da personalidade jurídica: A empresa pode perder sua personalidade jurídica e ser dissolvida.
- Extinção da empresa: A desconsideração da personalidade jurídica pode levar à extinção da empresa. A empresa fecha sem pagar suas dívidas e sem seguir os trâmites legais.
- Responsabilidade dos sócios ou administradores: A empresa pode ser responsabilizada pelos atos dos sócios ou administradores.
Outras consequências
- Impacto na reputação: A desconsideração da personalidade jurídica pode ter um impacto negativo na reputação da empresa e dos sócios ou administradores.
- Consequências fiscais: A desconsideração da personalidade jurídica pode ter consequências fiscais, como a perda de benefícios fiscais.
- Consequências trabalhistas: A desconsideração da personalidade jurídica pode ter consequências trabalhistas, como a responsabilidade dos sócios ou administradores por débitos trabalhistas.
Consequências processuais
- Alteração da legitimidade passiva: A desconsideração da personalidade jurídica pode alterar a legitimidade passiva da ação, incluindo os sócios ou administradores como réus.
- Ampliação da responsabilidade: A desconsideração da personalidade jurídica pode ampliar a responsabilidade dos sócios ou administradores.
- Necessidade de nova citação: A desconsideração da personalidade jurídica pode exigir uma nova citação dos sócios ou administradores.
Outras consequências
- Impacto na reputação: A desconsideração da personalidade jurídica pode ter um impacto negativo na reputação da empresa e dos sócios ou administradores.
- Consequências fiscais: A desconsideração da personalidade jurídica pode ter consequências fiscais, como a perda de benefícios fiscais.
- Consequências trabalhistas: A desconsideração da personalidade jurídica pode ter consequências trabalhistas, como a responsabilidade dos sócios ou administradores por débitos trabalhistas.
Defesa dos sócios
Os sócios podem contestar a desconsideração apresentando provas de que: Não houve desvio de finalidade ou confusão patrimonial; a empresa seguiu as regras contábeis e fiscais corretamente e, que não houve participação deles na administração da empresa no período da dívida
A desconsideração da personalidade jurídica é um mecanismo fundamental para equilibrar a proteção legal das empresas e a responsabilização dos sócios ou administradores quando há abuso da separação patrimonial. Embora a regra geral seja a autonomia da pessoa jurídica, esse princípio não pode ser utilizado para fraudar credores, lesar trabalhadores ou driblar obrigações fiscais.
No Brasil, a aplicação desse instituto se dá em diferentes áreas do direito, como civil, trabalhista e consumerista, com variações na exigência de prova de fraude ou abuso. O Novo Código de Processo Civil trouxe avanços ao estabelecer um rito específico, garantindo o direito de defesa dos envolvidos.
Contudo, a desconsideração deve ser utilizada com cautela, evitando penalizar indevidamente sócios que atuaram de boa-fé e não cometeram irregularidades. O desafio do Judiciário é balancear a necessidade de proteger credores e evitar injustiças contra empresários que enfrentam dificuldades legítimas.
Portanto, a desconsideração da personalidade jurídica se mostra um importante instrumento de justiça, mas sua aplicação deve respeitar critérios claros e provas concretas para evitar abusos e insegurança jurídica no ambiente empresarial
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